Lirinha

Lirinha
Ex vocalista do Cordel

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Como?


Sozinha, sozinha mesmo, sem nada pra ver nem pra sentir muito menos pra lembrar, será que assim eu chego perto de mim? Sem nada sem defesa sem remédio sem anestésicos, como seria? Eu conseguiria revelar a nascente desse rio que nessa altura encontra-se perigoso turbulento e sujo em partes?
O embate físico bloqueia as mais variadas oportunidades de estar perto de quem eu quero, perto de ninguém, perto do alívio que eu poderia sentir.
Sem ouvir nada, nenhuma música eu mergulho no mundo que parece ser normal mais me afoga, afoga porque eu já não sigo o fluxo natural das coisas, e também não me vejo seguindo por mais que eu queira. Então foco meu olhar nas coisas que eu acho que preciso e vou indo sem parar, sem notar o absurdo que acontece ao meu redor. No final do dia, eu vou dormir, como se nada fosse, como se desse pra vencer um milhão de coisas por dia e achar que descansa enquanto dorme.
Cansasso? Sei lá, só queria ouvir essa música mais uma vez com a impressão de que ela vai trazer a tona e curar essa falha, a falha que me define, me demite do consenso.
E a minha alma agora? Melhor nem começar a escrever sobre isso, não nessa noite, vou dormir e tentar não sonhar!



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Como vai ser?


Se os olhos distorcem tudo quando a mente insiste em tentar dar sentido ao que parece estar acontecendo, tudo o que eu posso fazer é ficar em silêncio e fingir não sentir a dor que de tão intensa me faz agir de modo que as sensações me anestesiam, me fazem superar numa força incondicional e cega, esta levando ao lado sobrenatural de tudo o que eu ainda vou acreditar por mais que soe como algo cansativo.
As vezes acho que o planejamento me destrói a capacidade de visualizar o que eu já poderia estar fazendo contra a agonia que me prende e me impede de libertar toda a luz que se reprime por causa do medo de subir num lugar extremamente alto e sozinha ali ficar e observar ao redor e pensar: (veja só onde eu estou agora, que música eu vou ouvir? quem eu vou agradar? qual é meu real dom?)
Vai me fazer mudar, vou em frente com a cegueira que finge não sentir o que está em volta, não absorve o que escurece, se liberta aos poucos com a falsa sensação de estarem arrancando algo que eu podia jurar que era meu, da minha natureza e instinto mas não passavam de demônios que tinham, tinham o poder de destilar a inconsiência da adaptação que mata e reprime...